quinta-feira, 27 de março de 2008

ESCRITA REVELADORA

Estou colando o que Fernanda Pompeu postou dias atrás no seu blog: Papiro Moderno


"Off da escrita

Escrever não é tão-somente o momento em que pousamos e decolamos os dedos do teclado. Escrever é anterior ao parto das palavras. É, também, todo o tempo em que imaginamos (e pensamos) como faremos o texto. Momento de namoro, no qual o jogo de sedução - entre autora e texto - se aguça. A pergunta: o que mostraremos? o que ocultaremos?"


Acredito nesse jogo e me pergunto: o que é escrever senão revelar?

segunda-feira, 24 de março de 2008

COMPLETANDO POST SOBRE FILME

Terminei, hoje, de ler, de Isabel Allende, Meu país inventado. Muito bom e interessante. Sou fã dessa autora, e nesse livro ela fala sobre o Chile, sob seu ponto de vista, relacionando os momentos felizes e tristes de sua própria vida com a história contemporânea daquele país. Aliás, sua vida e a vida de seus familiares e as histórias transmitidas pelos mais velhos são fontes contantes de seus livros, autobiográficos ou romances.

Hoje, ela mora na Califórnia, onde é casada com um americano, e tem também sua opinião formada sobre o país que a acolheu como emigrante. Então, vou aqui transcrever o que ela diz sobre violência na América:

"O fascínio dos americanos pela violência nunca deixou de chocar-me. Poderia dizer que tenho vivido em circunstâncias interessantes, vi revoluções, guerras e crimes urbanos, sem mencionar as brutalidades do golpe militar no Chile. Ladrões entraram dezessete vezes na nossa casa em Caracas; quase tudo nos roubaram, do abridor de latas aos três carros que chegamos a possuir, dois levados da rua e o terceiro depois de arrancarem a porta da garagem, mas nenhum tinha más intenções em relação a nós. Um deles chegou a deixar um bilhete de agradecimento na porta da geladeira. Em comparação a outros lugares da Terra, onde um menino pode pisar em uma mina a caminho da escola e perder as pernas, os Estados Unidos são seguros como um convento, mas a cultura é viciada em violência. Provam-no os esportes, as diversões, as artes, para não falar do cinema, que é aterrorizante. Os norte-americanos não querem violência em suas vidas, mas necessitam experimentá-la por reflexo. A guerra sempre os encanta, desde que não seja em seu território." (Allende, Isabel. Meu país inventado. 2003. p. 226-227)

Tem tudo a ver com a quantidade de filmes americanos violentos e a escolha do melhor filme no último Oscar, não acham?

SOU FÃ DO BBB

Andei desaparecida porque estava recuperando o tempo em que fiquei meio imobilizada, dependente dos outros para quase tudo, colocando em dia meus afazeres domésticos e profissionais.

Além disso, tenho "perdido" muito tempo vendo o BBB8 pelo PPV, lendo na internet sobre o assunto e votando nos meus preferidos.

Só hoje venho comentar sobre esse programa. Gosto porque é melhor do que novela - são seres humanos confinados mostrando sua interação com os companheiros e com o público, indiretamente, através das inúmeras câmeras espalhadas pela casa. É interessante também ler as opiniões em blogs dedicados e os comentários dos leitores. Enfim, é um exercício de leitura dos comportamentos humanos em situações cotidianas e às vezes extremas (caso de algumas provas de resistência) e do jogo de intenções sempre presente em qualquer disputa, ainda mais ali, quando o prêmio é um milhão de reais.

O CAÇADOR DE PIPAS - o filme

Por outro lado, não posso deixar de comentar sobre outro filme que vi na semana passada: O caçador de pipas. Achei maravilhoso, tão bom quanto o livro, respeitando as características de cada mídia.

Mostra um clima que nos leva a reconhecer a técnica dos filmes feitos naquela região, Índia, Afeganistão, Paquistão.... Muito apropriado para a realidade da história que se desenvolve por lá.

Muito humano, destacando o sentimento de distância e superioridade criado na alma de um menino em relação a um empregado igualmente criança, cuja amizade não era reconhecida por ele, e que o levou a se acovardar diante de violência sofrida pelo mais pobre. Pelo contrário, conseguiu montar uma situação para afastá-lo de sua casa.

O remorso nunca o abandonou, até que surge a ocasião para redimir-se. Não percam!

UM OSCAR PARA A VIOLÊNCIA GRATUITA

Sei que o assunto Oscar pode já estar fora de pauta da maioria das pessoas, mas como aqui, em Maceió, os cinemas estão mesmo defasados na apresentação dos filmes, só sábado fui assistir ao premiado filme: Onde os fracos não têm vez.

Gente, fiquei impressionada em constatar como podem ter dado a ele o prêmio de melhor filme, um elogio à violência gratuita, pois é a história de um matador impiedoso e frio, que mata inocentes só por estarem à sua frente - mesmo não sendo impecilhos no seu caminho em busca de mala cheia de dinheiro - além de um final incoerente.

Pode ter a melhor fotografia, que não foi premiada e talvez o merecesse; o ator, que faz o matador, ganhou Oscar de melhor coadjuvante, quando na verdade é o protagonista perverso, completando uma premiação incoerente para um filme igualmente incoerente.

Li depois muitas críticas também desfavoráveis e, nas favoráveis, descobri que havia uma voz, monólogo do xerife, que ia comentando, ao longo do filme, as mudanças de caráter dos agentes da lei, considerações saudosistas da coragem e modo de enfrentamento da criminalidade, servindo de contraponto ao que se passava diante de nossos olhos. Sinceramente, em poucos momentos me dei conta daquela voz, que certamente estava perdida no tumulto das cenas sangrentas que, chocantes, nos mantinham, em muitos momentos, de olhos e ouvidos fechados.

Portanto, se a intenção era criar o embate entre as reflexões de um xerife desanimado, perto da aposentadoria, e as ações criminosas que se desenrolam independentes de qualquer freio da lei, esqueceram de avisar o público.

segunda-feira, 3 de março de 2008

ANIVERSÁRIO DE RAFINHA



MAIS LEITURA

Quando M. Cecília esteve aqui, falou de dois livros dos quais gostou muito. Encontrei um deles: NAS TUAS MÃOS, de Inês Pedrosa, autora portuguesa. Já li e achei muito bom. É a intimidade de três mulheres, avó, filha e neta, revelada em diário, album de fotos e cartas, cada uma a seu tempo. Três gerações evidenciando seus liames afetivos e suas contradições, num Portugal que está sempre presente no desenrolar de suas histórias e sentimentos.

O outro, está esgotado: A mãe da mãe de sua mãe e suas filhas, de Maria José Silveira. Estou à procura.